sexta-feira, 20 de maio de 2011

O budismo é difícil?

Muitas pessoas acham que é difícil praticar o budismo na vida diária, por ele ser muito exigente: existe a lei do carma, a gente não pode mentir etc.

Em verdade, o que é difícil é parar de projetar nos outros nossos desejos e sofrimentos. O que é difícil é parar de culpar os outros pelos nossos problemas.

Gosto de pensar que, no budismo, precisamos ser o mundo que gostaríamos que existisse. Por exemplo, se eu quero um mundo onde possamos confiar uns nos outros, eu primeiro tenho que ser uma pessoa confiável.

Para isso acontecer temos que nos relacionar com o nosso eu de um modo diferente do que até agora vimos fazendo.

Por isso, não é o budismo que é difícil. O que é difícil é nos responsabilizarmos por nossas ações de corpo, de fala e de mente.

Temos duas opções à nossa frente: OU queremos um ser sagrado que seja a nossa imagem e semelhança e confirme o que a gente faz e pensa OU queremos um ser sagrado que nos liberte das armadilhas do nosso próprio eu e suas vontades autocentradas: a fonte de todo o nosso sofrimento.

É exatamente isso que é difícil: quem abre mão do seu eu? É um longo aprendizado, onde a meditação é a pedagogia.

Não há nada mais difícil para o eu do que se ver implicado no que faz. Quando algo acontece errado conosco, qual a nossa participação nisso? 10%, 20%... 50%?

Quando alguém faz algo errado... ah!, como somos perspicazes em mostrar nos mínimos detalhes o que deu errado e porque. E quanto tempo demoramos para desculpar essa pessoa? Mas quando somos nós que falhamos... ficamos irritados com pessoas que fazem análises perspicazes sobre a nossa conduta, nos seus mínimos detalhes. E em quanto tempo gostaríamos que fôssemos perdoados?

Se há alguém difícil aqui, não é o budismo! O budismo apenas ‘levanta a bola’ dessa questão.

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